Eufrásia trabalhou com o mercado financeiro por mais de 50 anos. Esteve em 13 países, além de ter negociado em 7 moedas diferentes. As principais bolsas de valores da época eram a de Nova Iorque, Paris e Londres. Eufrásia negociou em todas.

Além de ter sido pioneira no Brasil, Eufrásia foi a primeira mulher a entrar na Bolsa de Paris. Entretanto ela enfrentou diversos desafios durante a carreira, com os principais sendo a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão em 1929.

O foco dela sempre foi investir em ações, mas também trabalhava com títulos públicos, moedas e debêntures. Ao fim de sua vida, Eufrásia tinha uma fortuna avaliada em 37 milhões de réis e ações de quase 300 empresas diferentes.

No vasto cenário das finanças e dos investimentos, algumas figuras se destacam não apenas pelo sucesso financeiro, mas também pela ousadia, visão de futuro e resiliência diante de desafios. Entre essas personalidades inspiradoras, Eufrásia Teixeira Leite se destaca por ter sido uma mulher visionária que deixou a sua marca não somente no mundo dos investimentos, mas dos negócios também.

Neste artigo, exploraremos vida, contribuições, feitos e outros pontos que diferenciaram Eufrásia dos demais que viveram na mesma época que ela.

Vida e trajetória de Eufrásia Teixeira Leite

Eufrásia Teixeira Leite nasceu em uma época em que as mulheres enfrentavam barreiras significativas para entrar no mundo dos negócios. No entanto, sua determinação inabalável e sua inteligência aguçada a destacaram desde cedo. Filha de uma família abastada, Eufrásia demonstrou habilidades excepcionais para os negócios, desafiando as expectativas sociais e de gênero de sua época.

Eufrásia era herdeira de uma das famílias mais ricas do Brasil no século XIX. Neta dos barões de Itambé e Campo Belo e sobrinha dos barões de Vassouras, ela teve muitos méritos durante a vida por ter sido capaz de multiplicar (e muito) a fortuna que recebeu da família.

Após a morte dos pais, em 1872, Eufrásia, junto com a irmã, Francisca Bernardina, recebeu uma fortuna de 767 contos de réis. Um ano depois elas ainda receberam a herança dos avós, adicionando mais 106 contos de réis aos bens.

Com o dinheiro no bolso e percebendo a decadência da região de Vassouras, onde moravam na época, elas venderam alguns de seus capitais e resolveram se mudar para Paris em 1873. Foi nesse momento que Eufrásia iniciou sua carreira no mercado de investimentos.

Os investimentos estavam no sangue de Eufrásia

Apesar da educação acima da média, ela falava inglês, francês, alemão e tinha bastante conhecimento sobre matemática financeira, Eufrásia não iniciou a sua carreira no mundo dos investimentos logo que se mudou para a França.

Ela não se contentou em ser apenas uma observadora do mundo dos negócios. Foi nesse momento que ela teve o primeiro contato com os investimentos, já que o tio era investidor.

Passou a acompanhá-lo nos pregões da bolsa, mas o mercado financeiro da época era bastante hostil quanto à participação de mulheres. Para elas era permitido apenas acompanhar as negociações do segundo andar do prédio – o pregão acontecia no primeiro andar.

Entretanto, apesar dos obstáculos, Eufrásia se manteve obstinada quanto aos objetivos. Foi então que em 1876, já com muito mais conhecimento sobre o mercado financeiro, decidiu começar a investir a fortuna de sua família.

Como ela não podia participar dos pregões, contratou Albert Guggenheim, um operador homem, para negociar em seu nome. Eufrásia preenchia as boletas de compra e venda no segunda andar do prédio da bolsa e entregava nas mãos de Guggenheim para que ele finalizasse e oficializasse o negócio.

De início a preferência era por investir em empresas de tecnologia, mas com o passar e com cada vez mais entendimento do mercado, ela passou a diversificar a carteira e incluir todos os tipos de negócio (empresas de extração de petróleo, rodovias, alimentos, bebidas, bancos, entre outros).

E ela não parou por aí. Apesar das diversas conquistas que obteve desde o momento em que pisou em solo francês, Eufrásia não se contentou, ela precisava negociar as próprias ações. Em 1880, passou a operar na bolsa de Londres e em 1914, na de Nova York.

Aprendeu sobre câmbio por conta própria e chegou a negociar em 17 países diferentes com 9 moedas distintas. No final do século XIX, figurou entre as 120 personalidades milionárias de Paris com um patrimônio de mais de 1 milhão de francos franceses.

O impacto social de Eufrásia Teixeira Leite

Não se pode ignorar o impacto social positivo que Eufrásia Teixeira Leite teve em sua comunidade. Seu sucesso financeiro foi acompanhado por um compromisso firme com o bem-estar social. Ela apoiou diversas iniciativas, promovendo a educação, a saúde e o desenvolvimento comunitário. Seu exemplo continua a inspirar aqueles que buscam não apenas o sucesso individual, mas também a criação de um impacto positivo na sociedade.

Depois de mais de 50 anos morando na França, Eufrásia voltou a morar no Brasil, em definitivo, em 1928. Dois anos depois, no dia 13 de setembro de 1930, ela morreu no apartamento onde morava. Sem herdeiros para sua fortuna de mais de 30 milhões de réis, destinou o dinheiro para instituições educacionais e de caridade da sua cidade natal, Vassouras.

Um ícone brasileiro dos investimentos

Eufrásia Teixeira Leite é um ícone nos anais dos negócios e investimentos, uma mulher que desafiou as normas de sua época para deixar um legado duradouro. Sua visão de investimento, empreendedorismo e compromisso social continuam a inspirar gerações. Na empresa de investimentos que hoje busca trilhar caminhos semelhantes, olhar para a história de Eufrásia Teixeira Leite é mais do que uma homenagem; é uma fonte inesgotável de inspiração para um futuro de sucesso, inovação e responsabilidade.